quarta-feira, 27 de abril de 2011

No entreato

Olhar para o céu ao anoitecer e perceber que há algo muito maior do que eu, ter a certeza de que todas as coisas estão funcionando dentro de uma lógica que não cabe a mim. Sentir o toque suave do vento, o calor dos raios solares e parar, simplesmente parar de olhar apenas para mim.
Conseguir vislumbrar as manhãs, deleitar-me com a docilidade das palavras ditas a bom tempo, desfrutar do calor do abraço amigo, da palavra de consolo e ânimo e ver meu coração se encher de um riso sem medida, de uma gratidão indescritível.




Ter a certeza do não mérito, e poder descansar no valor que já possuo antes mesmo de ser, entender que há algo mais profundo e maior do que o que vejo ou sinto, com isso me alegrar, a ponto de cantarolar versos, de fazer música sem som, de declamar poema.
Sentir que a solidão nunca foi real, que o desespero foi sempre dispensável e que palavras fortes como nunca e sempre são apenas palavras, lançadas no amanhã desconhecido. Compreender de fato que não tenho domínio sobre o ontem e que o futuro é apenas fantasia, e descansar. Como uma criança com o pai, me entregar ao balanço e me divertir com o arrepio na espinha. Simplesmente sorrir!